domingo, 26 de fevereiro de 2012

Bucaneiros, corsários e piratas

Desde pequeno sempre gostei de um bom filme de piratas. Garantia de diversão, aventuras e doses certas de combatividade e mistério. Talvez porque o primeiro livro que li até o fim, tenha sido o fantástico "A Ilha do Tesouro", de Robert Louis Stevenson, no começo da adolescência. As histórias envolvendo estes mestres dos sete mares e dos cinco oceanos, com base fixa nas ilhas do Caribe, garantem emoção, superações e muita, mas muita coragem e uma dose certa de malandragem. Ingleses, franceses, portuguesesespanhóis, italianos, africanos, indianos, árabes e jamaicanos: não importa! O que importava mesmo era incomodar os poderosos e ao mesmo tempo, garantir a mais justa divisão do butim. Corsários eram aqueles piratas que durante algum tempo diziam estar defendendo as razões e a bandeira de algum rei razoável.

Poucas figuras representaram tanto o imaginário popular quanto os piratas. Durante muito tempo, esses homens de lenço vermelho na cabeça, pernas de pau, livres como o vento que estufava as velas de suas embarcações, foram imortalizados pela literatura, pelo cinema e pela televisão.

Entre os autores que mais romantizaram os bucaneiros e além do já citado Robert Stevenson, está também Daniel Defoe, autor de Robinson Crusoe. Ambos, mais uma legião de escritores populares, nos anos 1930, 1940 e 1950 inspiraram roteiristas de Hollywood e desenhistas de histórias em quadrinhos do porte de Lee Falk, Hugo Pratt e Milton Caniff. Com o cinema, os flibusteiros ganharam fúria, som e diálogos impecáveis. De quebra, conquistaram também elegância, bons modos e sentimentos.

No cinema norte-americano e europeu, os "piratas do bem", vividos pelos reis do gênero "capa e espada" como Errol Flynn, Tyrone Power, Burt Lancaster, astros do passado, e mais recentemente, gente como Robin Williams, Geena Davis e Johnny Depp. Atores e atrizes interpretando homens e mulheres, dispostos a viver livres das obrigações cotidianas, verdadeiros deuses a reger o mundo de seus barcos e naus, descobridores de paisagens idílicas, protagonistas de amores exóticos.

No clássico, "A Ilha do Tesouro", conta-se que num lugarejo litorâneo da Inglaterra, nos idos de 17... , século XVIII, a chegada de um personagem extraordinário a pequena estalagem Almirante Benbow, chamou a atenção de Jim Hawkins um garoto com apenas doze anos. O marujo, apresentou-se como Capitão Bill Bones. Passava os dias embriagando-se com rum enquanto vigiava sem descanso, o caminho para a estalagem. Durante um dos ataques que o acometiam pelo excesso de bebida, Bill Bones, acreditando que ia morrer, confessou ter servido como imediato no navio de um temível pirata, Capitão Flint de quem havia herdado o mapa de um tesouro. Este é apenas o início de uma narrativa vibrante e misteriosa. Piratas infestavam os sete mares e sempre estavam as voltas com tesouros e riquezas inconfessáveis. Independentemente de quem fossem os proprietários ou de quem tivesse direito sobre eles...

Curiosamente e até em analogia do já contado anteriormente, a pirataria moderna se refere ao desrespeito aos contratos e convenções internacionais onde ocorre cópia, venda ou distribuição de material sem o pagamento dos direitos autorais, de marca e ainda de propriedade intelectual e de indústria. Os casos mais conhecidos são as cópias de produtos (falsificação), quer pelo uso indevido de marca ou imagem, com infração à legislação que protege a propriedade artística, intelectual, comercial e/ou industrial.

Mas, como já disse, o cinema sempre celebrou os filmes e histórias de piratas e numa época em que tudo tem que ser "politicamente correto" e até bastante cínico, nunca é demais recordar as aventuras destes "heróis" que sabiam mais do que ninguém como quebrar todas as regras. Abaixo, alguns dos principais filmes de piratas já produzidos por Hollywood:

Capitão Blood (1936)

Na Inglaterra, em meados do século 17, o Dr. Peter Blood (Errol Flynn) é preso erroneamente por traição ao Rei James (Vernon Steele), ao socorrer um soldado rebelde ferido. Peter não consegue provar sua inocência e é sentenciado à morte, mas, em vez de condenado, ele embarca para Jamaica para ser vendido como escravo. Seu semblante agrada à bela Arabella Bishop (Olivia de Havilland) que o compra para trabalhar em uma plantação. Apesar de seu bom entendimento com Arabella, Peter tem problemas com o tio dela, verdadeiro dono da plantação, o Coronel Bishop (Lionel Atwill). Tempos depois, um ataque de piratas espanhóis à Jamaica dá a Peter e seus amigos a chance de fugirem e unirem-se para formar a mais famosa tripulação de piratas, "Os Piratas do Caribe", comandados pelo "Capitão Blood".

O Cisne Negro (1942)

Em 1674, o pirata Jamie Waring (Tyrone Power) é capturado durante um ataque a uma cidade da Jamaica. O espanhol Don Miguel o interroga a respeito do Capitão Henry Morgan (Laird Cregar), que se acha na Inglaterra prestes a ser enforcado por pirataria. Salvo por seu compatriota, Tommy Blue (Anthony Quinn), os dois são impedidos de torturarem Don Miguel por Lord Denby, governador inglês da Jamaica. Denby os informa que Espanha e Inglaterra assinaram um tratado de paz. Não acreditando nas palavras do governador, Jamie decide enforcá-lo por ter enviado Morgan a julgamento. No entanto, antes de levar a cabo sua decisão, é surpreendido com a chegada à Jamaica do Capitão Morgan.

A Ilha da Garganta Cortada (1995)

O mapa de um fabuloso tesouro pirata ent foi cortado em três partes por um velho bucaneiro e dividido entre seus três filhos. Vários anos depois, na segunda metade do século XVII, um deste filhos, passa a sua parte no mapa (que estava desenhada no seu couro cabeludo) para a sua filha (Geena Davis), uma sexy aventureira que lutava tão bem quanto qualquer homem e tinha sua cabeça posta a prêmio. Auxiliada por sua tripulação, ela decide então encontrar o tesouro e o navio do seu pai, que agora são dela. Porém, sua parte no mapa está em latim, assim ela decide comprar um prisioneiro (Matthew Modine) que será vendido como escravo, para ajudá-la na tradução.

Piratas (1986)

Capitão Red (Walter Matthau), o pirata inglês, tem seu barco afundado nas costas de Maracaibo e fica boiando em cima da balsa improvisada até cruzar com um grande galeão espanhol que traz em sua carga o trono de Kapatek- Anahuac, de ouro maciço. A tripulação resgata e o prende no porão escuro e úmido do galeão, mas o pirata escapa, causando muita confusão a bordo do galeão.

Hook (1991)

O que parecia impossível aconteceu: Peter Pan (Robin Williams) cresceu! Deixando para trás o terrível Capitão Gancho (Dustin Hoffman), a fiel fada Sininho (Julia Roberts) e, as aventuras na mágica Terra do Nunca, ele embarcou naquela que seria seu maior desafio: crescer. Agora, anos mais tarde, ele é um importante e requisitado advogado e empresário, casado com a neta de sua antiga companheira de aventuras, Wendy (Maggie Smith), Moira Darling, com quem teve dois filhos: Jack e Maggie. Porém, o passado volta a assombrar: Numa noite fria de tempestade, durante uma viagem à terra natal, Londres, seus filhos desaparecem, e só um bilhete é encontrado. Assinado pelo cruel JAS. James Gancho, o malvado pirata sequestrou seus filhos, e, agora, quer que Peter volta à Terra do Nunca, onde aconteceria, de uma vez por todas, a batalha final, entre Pan e Gancho. Contando com a ajuda da esperta e ciumenta Sininho, Peter voa à Terra do Nunca, reaprende a voar, e, claro, redescobre a criança que existe dentro dele.

Piratas do Caribe - A Maldição do Pérola Negra (2003)

Em pleno século XVII, o pirata Jack Sparrow (Johnny Depp) tem seu navio saqueado e roubado pelo capitão Barbossa (Geoffrey Rush) e sua tripulação. Com o navio de Sparrow, Barbossa invade e saqueia a cidade de Port Royal, levando consigo Elizabeth Swann (Keira Knightley), a filha do governador (Jonathan Pryce). Decidido a recuperar sua embarcação, Sparrow recebe a ajuda de Will Turner (Orlando Bloom), um grande amigo de Elizabeth que parte em seu encalço. Porém, o que ambos não sabem é que o Pérola Negra, navio de Barbossa, foi atingido por uma terrível maldição que faz com que eles naveguem eternamente pelos oceanos e se transformem em esqueletos à noite.

Acesse o link abaixo e reveja cenas fantásticas de Capitão Blood (o melhor filme de piratas de todos os tempos), filmadas e produzidas nos tempos libertários da década de trinta, onde não havia patrulhamento ideológico, falsa moral e nem nenhuma forma de bullying (humilhação física ou psicológica) tão comuns destes tempos em que vivemos agora em 2012, tão avançados. Um filme com ideais piratas, do começo ao fim! Obrigado aos leitores inteligentes, pelo instante de desabafo bem libertário, como devia ser o pensamento da época dos piratas que não estavam nem aí para as civilizações hipócritas que os rodeavam.

Capitão Blood 1936 - Video Nostalgia

Créditos: Fox Filmes do Brasil/ Universal Produções/ Warner Bros./ Paris Filmes/ Youtube