domingo, 26 de junho de 2011

Retrô-TV - Stargate SG-1 - Existe mesmo um portal para a aventura!

Sempre gostei muito de Jornada nas Estrelas. Para mim, depois do período da infância, em que as tardes na TV do Brasil dos anos 60, se resumiam no momento solene em que era exibida a minha série favorita: Perdidos no Espaço, o então novo seriado tornou-se referência.

O trio de protagonistas, Kirk, Spock, McCoy e a qualidade dos enredos, muito mais alta do que na série produzida por Irwin Allen, me faziam realmente "viajar" pelo espaço e por galáxias desconhecidas. Pois bem, dito isso, vamos então focar no assunto do post de hoje, simplesmente, a melhor série de ficção científica que surgiu na televisão mundial, Stargate - SG-1!

Stargate SG-1 foi uma telessérie norte-americana de ficção científica baseada no longa-metragem para o cinema Stargate (1994). A premissa de ambos foi a existência de aparelhos chamados "Stargates" que, por intermédio de buracos-de-verme, permitem a viagem interestelar instantânea.

O enfoque do seriado é uma equipe denominada SG-1 que opera a partir de uma base ultra-secreta da Força Aérea dos EUA chamada Stargate Command (ou SGC), utilizando um "Stargate" encontrado na Terra para explorar outros mundos e defender o planeta contra ameaças alienígenas estabelecidas no filme original ou apresentadas ao longo da série. Assim sendo, e diferentemente de diversos outros seriados de ficção científica com uma temática de exploração interplanetária, Stargate SG-1 tem como tempo ficcional o presente, é baseada na Terra e envolve principalmente humanos.

A série foi produzida pela MGM e filmada no Bridge Studios, em Vancouver, Canadá. O primeiro episódio foi transmitido em 27 de julho de 1997 pelo canal de televisão a cabo Showtime, que exibiu as cinco primeiras temporadas. Desde a sexta temporada, o seriado é transmitido pelo Sci Fi Channel. Recentemente, Stargate SG-1 tornou-se o seriado de ficção científica mais duradouro da televisão americana, ultrapassando The X-Files.

Uma série correlata, Stargate Atlantis, foi ao ar em 2004. Os dois seriados foram produzidos paralelamente, com histórias que se entrelaçam, já que o tempo ficional é simultâneo.

A série, desenvolvida para a televisão por Jonathan Glassner e Brad Wright, era estrelada originalmente por Richard Dean Anderson, Michael Shanks, Amanda Tapping, Christopher Judge e Don S. Davis. Shanks foi substituído durante a sexta temporada pelo ator Corin Nemec. Davis deixou o seriado durante a oitava temporada e Anderson, na nona, substituídos por Beau Bridges e Ben Browder. Na décima temporada, Claudia Black tornou-se uma atriz principal.

Em 21 de agosto de 2006, o Sci Fi Channel anunciou que cancelaria a série. O seu último episódio foi exibido no Canadá no dia 14 de março de 2007. Dois filmes para DVD foram lançados em 2008 no mercado estadunidense, para concluir as histórias da série: Stargate: The Ark of Truth e Stargate: Continuum.

No Brasil, o seriado foi transmitido pelo canal a cabo Fox até 2007, quando passou para a grade do canal (novo no país) SciFi Brasil e atualmente também pode ser assistido na RBTV.

Em Portugal, foi levado ao ar pela SIC e, a partir da sétima temporada, pelo AXN. Mais recentemente, o canal MOV começou a exibir a série desde do seu primeiro episódio em 2010.

A série lembra um pouco também, a clássica O Túnel do Tempo, já que o comando SG-1, visita mundos diversos, em vários setores da galáxia e ainda em épocas e períodos de tempo, diferentes! Seu sucesso foi tão grande, que além das dez temporadas também lançadas em DVD aqui no Brasil, ainda originou dois crossovers de muita popularidade: Stargate - Atlantis e Stargate Universe. Tudo sempre, com roteiros que envolvem muitos mistérios, ficção científica de qualidade e muito, muito bom humor!

Clique no link abaixo e assista ao vídeo com o trailer comemorativo aos 10 anos da série:

10 Years Of Stargate SG-1

Crédito das imagens: Divulgação da Fox Filmes do Brasil e Youtube

domingo, 19 de junho de 2011

Heroes e a evolução da Genética

Não é de hoje que a ficção científica aborda a questão da evolução da espécie humana e de potenciais mutações genéticas provocadas deliberadamente nas seqüências de DNA (ácido desoxirribonucleico).

Seres humanos alterados biologicamente poderiam desenvolver novas características e assumir novos atributos, poderes e capacidades antes imaginados somente em fabulosos super-seres. A série de TV, Heroes, criada por Tim Kring em 2006, abusa realmente da imaginação e pensa em seres mutantes mais próximos da realidade de nossos dias, mas ainda bastante semelhantes aos mutantes X-men, criados por Stan Lee e Jack Kirby para os quadrinhos da Marvel dos anos 60.

Gente que voa, que possui supervelocidade, que desenvolve capacidades telepáticas, regenerativas, que controla o fogo, o frio, prevê o futuro, e até o teletransporte. Todos eles, evidentemente, sem utilizar uniformes colantes ou calções (entenda-se cueca mesmo) por cima da calça, como os já tradicionais Batman e Superman! Tudo graças a muita Biotecnologia e Engenharia Genética...

Segundo informações da Wikipédia, Heroes é uma série de televisão dramática americana, criada por Tim Kring, que estreou na NBC no dia 25 de setembro de 2006. A série conta a história de pessoas comuns que descobrem ter habilidades especiais, tais como telepatia, capacidade para voar, etc. Esses indivíduos percebem que estão conectados e de que têm por missão evitar a realização de desastres normalmente previstos nas imagens feitas por pintores com o dom da premonição.

O seriado segue o estilo das histórias em quadrinhos (banda desenhada) americanas de super-heróis, com acontecimentos que se desenvolvem em mais de um episódio. A série é produzida pela Universal Media Studios, em associação com Cauda Productions, e é filmado principalmente em Los Angeles, Califórnia. Os produtores executivos são Allan Arkush, Dennis Hammer, Greg Beeman e Tim Kring.

Aclamada pela crítica, a primeira temporada de Heroes teve 23 episódios e garantiu uma média de 14,3 milhões de telespectadores por episódio nos Estados Unidos, recebendo a audiência mais alta de uma série drámatica da NBC em cinco anos.

A segunda temporada de Heroes atraíu uma média de 13,1 milhões de espectadores e foi a única série da NBC entre os vinte programas mais vistos dos Estados Unidos durante a temporada 2007-08.

Um total de 24 episódios foram encomendados para a segunda temporada, mas apenas onze episódios foram transmitidos, devido à greve de 100 dias dos roteiristas americanos. A greve levou ao adiamento inicial e eventual cancelamento de seis episódios intitulados "spin-off Heroes: Origins". Heroes regressou com a sua terceira temporada, em 22 de setembro de 2008.

Uma extensão da série na internet, Heroes 360 Experience, posteriormente renomeada como Heroes: Evolutions, foi criada para explorar o universo dos Heróis e fornecer informações sobre a mitologia da série. Outros mídias oficiais incluem revistas, websites, um jogo móvel, roupas e outras mercadorias.

A NBC Universal anunciou em 2 de abril de 2008, que a NBC Entretenimento Digital iria lançar uma série de conteúdo on-line para o verão e outono de 2008, incluindo o conteúdo da web mais original, histórias em quadrinhos disponíveis para visualização e webisodes.

Heroes tem garantido uma série de prêmios e indicações. A série foi indicada em oito categorias no Primetime Emmy Awards 2007, incluindo Outstanding Drama Séries, e foi também indicada para a Melhor série drámatica da televisão, no Globo de Ouro 2007. A série ganhou um People's Choice Award em 2007 na categoria de Melhor novo drama, e foi indicada o Programa do Ano em 2007 pela Television Critics Association e Melhor Programa Internacional no Bafta Awards 2008.

A NBC produziu a quarta e última temporada de Heroes, uma vez que a série é um dos programas mais vistos pela faixa etária de 18-49 anos (A mais importante da TV americana), bem como tendo um forte apelo internacional e uma grande audiência. A emissora produziu 18 a 20 episódios para o quarto ano da série.

Estreou em Portugal em setembro de 2007 no canal FOX, já tendo sido emitida a 4ª temporada.

Elenco:

David Anders/ Kristen Bell/ Santiago Cabrera/ Jack Coleman/ Tawny Cypress/ Dana Davis/ Noah Gray-Cabey/ Greg Grunberg/ Ali Larter/ James Kyson Lee/ Masi Oka/ Hayden Panettiere/ Adrian Pasdar/ Zachary Quinto/ Sendhil Ramamurthy/ Dania Ramirez/ Leonard Roberts/ Cristine Rose/ Milo Ventimiglia

Os primeiros quatro episódios foram promovidos com a frase "Pessoas comuns descobrindo habilidades extraordinárias". Ao final do quarto episódio, há um evento que lança a segunda temática, em que o slogan "Salve a líder de torcida, salve o mundo" na exibição no Brasil e "Salvem a chefe de claque, salvem o mundo" na de Portugal aparece muitas vezes. Alguns personagens presumem que essa frase está relacionada com a líder de torcida de uma escola no Texas, Claire Bennet, que possui a habilidade de rapidamente se recuperar de ferimentos, e com as visões apocalípticas do artista Isaac Mendez sobre Nova Iorque.

Começando na conclusão do episódio Fallout, uma nova frase apareceu: "Você está na lista?", apesar de tal frase não ser mencionada no preview de The Fix. À medida que os personagens lentamente descobrem suas habilidades e a existência de outros como eles, começam a perceber que precisam juntar-se para impedir uma catástrofe e salvar a Humanidade. Na reta final da primeira temporada, a série assume a chamada "É hora de salvar o mundo" no Brasil e "É tempo de salvar o mundo" em Portugal.

Heróis inclui uma série de elementos fictícios e misteriosos atribuídos a fenômenos de ficção cientifica e sobrenaturais. Tim Kring e os criadores da série fazem referência a estes elementos ficcionais como parte da mitologia da série. Kring confirmou que, embora o espetáculo não tenha uma única mitologia, ele não quer afundar a série em demasia nesse aspecto.

Pelo contrário, Kring tem utilizado cada volume para explicar cada elemento mitológico. No que diz respeito à data de término do show, Kring tinha comentado que, "Isto não quer dizer que a série tem hora certa pra acabar… sua data de término é considerada em aberto". Infelizmente, roteiros mal conduzidos, talvez em função da greve de 100 dias de 2008, abreviaram o tempo no ar, de um seriado de sucesso.

A série terminou com apenas 4 temporadas produzidas.

Entre os elementos mitológicos da série estão: a Companhia, a lenda de Takezo Kensei, as pinturas do futuro, os superpoderes e as suas origens, o vírus Shanti, a revistinha 9th wonders e muitos outros elementos e temas mitológicos.

Heroes ainda é exibida no Brasil pela Rede Record. Sempre na meia noite de domingo!

Clique no link abaixo e acesse o trailer da primeira temporada da série:

Heroes Trailer

Créditos das Imagens: Divulgação Universal e youtube

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Retrô-TV - Strange Luck - Não evite a sorte!

Os fãs de séries sabem bem o que é isso. Você começa a acompanhar uma nova ideia, fica gostando dela porque é bem realizada e pra lá de inteligente, e de repente, algum executivo de TV, aqui no Brasil ou no exterior, acaba cancelando tudo sem dar muitas satisfações à audiência e pelos mais variados motivos. Ralfo Furtado, que dispensa apresentações, conta no post abaixo, a sua experiência neste sentido, no que diz respeito a série "Strange Luck", exibida na TV a cabo do passado. Acompanhe...

Texto de Ralfo Furtado:

Esse conselho do título, a meu entender, é a ideia principal de uma das séries de TV mais estranha que eu já vi e, como adoro coisas estranhas, virei fã... e órfão. A série foi cancelada pela Fox na primeira temporada, com apenas 17 episódios, e todo mundo ficou na mão. Ainda hoje, existem, na internet, páginas de discussão, fóruns e blogs a respeito de detalhes estranhos da série, sobre o elenco estranho, o criador muito estranho, em inglês, alemão, francês, o escambal. Menos em português. Não encontro com quem conversar sobre o assunto por aqui. Onde está minha manada?

Quem sabe se eu começar a escrever direito e não desta maneira estranha, sem pé nem cabeça, alguém consiga entender do que eu estou falando e minha turma me encontre. Em fevereiro de 1996, eu tinha acabado de aderir ao mundo da TV a cabo, na esperança de ter opção de entretenimento que fugisse ao massacre do carnaval na TV aberta, já que eu estava confinado à frente da telinha (a internet ainda engatinhava, a Mandic tinha BPS, lembra?) por causa de um pé quebrado. Eu lá, com o pé para cima, no gesso, mudando os meus novos canais pagos, quando me deparei com “Strange Luck” no Sony Entertainment Television.

Strange Luck” (sorte estranha) me fisgou imediatamente, fiquei viciado, não queria perder um episódio. E foram só 17. Gravei todos em VHS. Mas hoje você pode assistir ou baixar todos do YouTube, divididos em cinco pedaços cada um. O personagem principal é o fotógrafo Chance Harper, interpretado por D. B. Sweeney.

Ele vai todo dia na lanchonete Blue Plate (prato azul) e pede um café para a Angie (a atriz britânica ruiva Frances Fisher, que foi “casada de fato” com Clint Eastwood entre 1989 e 1995 e fez a mãe da personagem de Kate Winslet em “Titanic”, de 1997, do diretor James Cameron. Recentemente, ela foi vista em episódios de “The Mentalist”, “Two and a Half Men” e “Private Practice”).

Chance nunca tem dinheiro para pagar a conta na lanchonete, exceto uma moeda de um dólar (algo raro, moedas de dólar existem só em coleções e ainda valem normalmente, mas custam mais para serem fabricadas do que o dólar de papel, por isso a produção parou faz tempo – eu tenho uma em algum lugar) que usa para raspar bilhetes de loteria. Ele pede uma “raspadinha” ou duas para Angie e pronto, já tem o dinheiro para pagar a conta e ainda deixa para ela o troco. Ela pergunta por que ele acerta uns caraminguás e pára, não continua tentando ganhar mais, e ele responde que “não se deve abusar da sorte”.

A outra mulher da série é a loira Audrey Westin (atriz Pamela Gidley, a Teri Miller de CSI), a “patroa” dele. Ela é a editora de uma publicação que contrata os serviços freelance de Chance como fotógrafo e tem um passado amoroso com ele que, vez ou outra, invade o presente. Ele usa uma câmera fotográfica do tamanho de um bonde e filmes de rolo que guarda na geladeira de seu precário apartamento, no qual um dos cômodos é sua câmara de revelação, com luz vermelha e varais com fotos penduradas para secar, como nos bons tempos, nada das convenientes caixinhas digitais sem mistério de hoje.

Só que, para ele ir cumprir um dos serviços fotográficos encomendados, em seu carro meio tosco e com os filmes e câmera nos bolsos de seu paletó surrado, ele sempre acabava desviando do caminho e se envolvendo com as situações mais bizarras da cidade, no caso, Vancouver, no Canadá, onde a série foi filmada, tal qual uma outra série também da Fox, da mesma época, não sei se vocês vão se lembrar, como era mesmo o nome... uma tal de Arquivo-X. O clima é o mesmo, tudo muito escuro, frio e chuvoso.

Estabelecendo inclusive que as duas séries aconteciam no mesmo “universo ficcional”, em um dos episódios, o 11, o irmão de Chance, em uma carta, pede a Chance que procure o agente “Muldur” do FBI em caso de alguma coisa suspeita acontecer com ele.

A terceira mulher da série, a negra (ou deveria escrever afro-descendente?) doutora Richter (Cynthia Martells, que foi a promotora Carter em “Arquivo-X” e, recentemente, a dra. Cynthia Adams, em “Nip/Tuck” - ela era estudante de Direito quando a mãe a convenceu a ser atriz, então ela se tornou aluna de artes dramáticas e seu professor foi Avery Brooks, o Sisko, de “Star Trek: Deep Space 9”) é a psiquiatra designada, no primeiro episódio, para estabelecer se o prisioneiro Chance era maluco ou não.

No episódio 1, Chance pára na lanchonete para tomar seu café com “raspadinha”, a caminho de um trabalho fotográfico, quando repara em uma mulher sentada na lanchonete que está chorando e escrevendo alguma coisa. Ela sai da lanchonete e ele a segue. Ela sobe no topo de um prédio e fica na beiradinha. Ele liga para a polícia, do seu celular ultra-moderno de 1995 do tamanho de um tijolo baiano, avisando sobre a potencial suicida e sobe no prédio também. Para encurtar a história, os dois caem juntos do prédio, direto na rede que os bombeiros já tinham armado lá embaixo e, durante a queda, ele vai fotografando, caindo e tirando foto da moça, que cai na frente dele.

Depois disso, ele pega carona numa viatura de polícia que ia para o mesmo lado aonde ele deveria ter ido fazer o trabalho fotográfico. No meio do trajeto, os policiais páram para ver um carro caído do alto de um viaduto. O ocupante do carro acidentado troca tiros com os dois policiais que levavam Chance. Os dois policiais são baleados e o bandido só não atira em Chance também, porque o carro acidentado explode naquele instante e tira sua atenção. Mas ele foge levando o paletó de Chance com a carteira de documentos e o celular nos bolsos (a partir daí, passa a cometer crimes usando a identidade de Chance Harper e usar o celular para ligar para meio mundo).

Chance se abaixa e pega a arma de um dos policiais do chão no momento em que vários carros de polícia chegam ao local, atraídos pela explosão, e dão voz de prisão a ele, que está com a arma na mão, sem documentos, ao lado de dois policiais baleados. Nesse instante, minha mulher, que forcei outro dia a assistir esse episódio comigo, exclamou: “ele é retardado?” Realmente, quem, mesmo em Vancouver há 16 anos, se envolveria com tudo que vê pelo caminho? É muita babaquice. Até irrita. Você continua assistindo ou com dó ou para ver em que mais ele vai se lascar.

Na delegacia, enquanto é “fichado”, Chance deixa a câmera fotográfica (dela, ele não desgruda) disparando discretamente quando flagra o figurão que ele deveria ter ido fotografar, coincidentemente, também sendo preso e levado a uma cela. Quando os policiais puxam a vida corrida de Chance em um computador que, hoje, parece ser da época dos Flintstones, com textos verdes em tela preta, ficam impressionados com a quantidade de vezes em que ele já foi preso e depois inocentado e solto, tendo ganho até medalhas, uma espécie de super-herói urbano. Aí, ele é levado para a psiquiatra.

Ele conta para a psiquiatra que coisas surpreendentes vivem acontecendo para ele o tempo todo, todo dia. As pessoas perguntam por que essas coisas acontecem para ele, e ele responde que elas não acontecem só para ele, acontecem para todo mundo, ele só não as evita. Se ele vê alguém chorando na sua frente, ao invés de ignorar, como todo mundo faz, ele se envolve. A partir daí, sempre haverá consequências, sejam elas boas ou más.

A psiquiatra o hipnotiza e o faz se lembrar da infância, de quando ele era menininho e se chamava Alex e sobreviveu a um acidente aéreo: o avião caiu e todos a bordo morreram, inclusive seus pais e sua irmã, menos seu irmão Eric (e ele nem lembrava que tinha um irmão antes de ser hipnotizado), que não embarcou. Um dos bombeiros, que atendeu ao desastre na época, adotou o menino e lhe deu novo nome e sobrenome: Chance (chance e também sorte, em inglês) Harper. Quando “volta” da hipnose, Chance sente cheiro de fumaça e força a médica a sair do prédio antes que ele queime em um incêndio. Não vou contar o resto. A partir daí, a psiquiatra vira fã dele e aparece em todos os episódios, aconselhando-o e ajudando-o a recuperar a memória.

O ator D. B. Sweeney (que só agora saciei minha curiosidade de mais esse mistério no Wikipedia: Daniel Bernard) foi visto recentemente nas séries “The Event” e “Jericho”, também apareceu em episódios dos vários “CSIs”, em “House” e em “Hawaii-5-0”.

Usando o velho chavão “a vida imita a arte”, Sweeney personificou uma situação digna de “Strange Luck”: quando dirigia para casa em Vancouver, numa quarta-feira, depois de um dia de filmagens, ele viu um carro escorregar fora de controle para dentro de uma lagoa. Ele imediatamente ligou para 911 do seu celular e o passou para uma mulher que estava por ali ela pedir o resgate, enquanto ele correu para o carro que estava rapidamente submergindo na água. Sweeney encontrou o motorista nadando e o ajudou a sair da lagoa.

Quando ele se certificou que o motorista estava bem, ele procurou a mulher para recuperar seu celular e saber se a polícia ou bombeiros estavam vindo. Foi só aí que ele percebeu que a mulher, que estava toda confusa, não falava inglês e não tinha se comunicado com o operador do 911. Por sorte, uma viatura policial estava passando por ali e parou para dar assistência. Sweeney voltou para seu carro e retomou a volta para casa, ao estilo Chance Harper.

Tal como Chance, Sweeney também era um “cara bacana”, como testemunha quem trabalhou com ele: Mitch Kosterman, que interpretou um policial observador de pássaros em dois episídios de “Strange Luck” conta que, em uma cena, Chance estava no alto de uma rocha olhando para baixo. Depois de uma sequência de filmagens dele, a câmera foi virada para o outro lado, para filmar o policial. Aí o diretor disse a Sweeney que ele poderia relaxar, o que significa que ele não era mais necessário e poderia se retirar para o camarim. Mitch suspirou e pensou que iria falar sua parte do roteiro interpretando para a câmera. Para sua surpresa, Sweeney disse: “não, me arrange uma escada”, subiu nela e ficou lá, respondendo suas falas, de diversos ângulos, várias vezes, o tempo todo, ajudando na interpretação do ator coadjuvante.

O criador de “Strange Luck”, Karl Schaefer, também é um caso a parte. Fora o fato de também ter sido o produtor executivo da série “The Dead Zone”, co-produtor da série “Eureka” e produtor consultor de “Ghost Whisperer”, mais nada se sabe do cara! Onde nasceu, onde estudou, vida pessoal, nada! Não tem uma foto dele em lugar nenhum. Já procurei muito. E para quê eu preciso disso? Para saciar minha curiosidade de saber se ele é o mesmo Karl Schaefer que estudou comigo em Downey High School, em 1976, subúrbio de Los Angeles, ali pertinho de Hollywood, quando a gente fazia o jornal da escola, “The Norseman”, eu era o cartunista do jornal e ele era o editor e fotógrafo.

Eu tirei três conclusões disso tudo. Primeira, se você encontrar uma pedra no seu caminho, você tem a escolha de se desviar dela (ou pular) ou pisá-la ou chutá-la. Se você escolher uma das duas últimas opções, haverá consequências, nem você nem a pedra serão os mesmos. Segunda, seja sempre uma boa pessoa, mesmo que pareça retardado. Terceira, ou quem assiste séries de TV não precisa de religião ou Deus fala conosco através de algumas delas.



Ralfo Furtado, especial para o TV tudo isso.




Ralfo Furtado é professor universitário da Estácio ( http://www.portal.estacio.br/ )há 2 anos, co-apresentador há 5 anos do Programa São na http://www.alltv.com.br/ ,  jornalista da http://www.cargapesada.com.br/ há 26 anos, sócio da http://www.ussbrazil.com/ há 16 anos, advogado há 30 ano, mas se considera cartunista há 35 anos.

Crédito das imagens: Divulgação da Fox Filmes do Brasil e Youtube

Clique no link abaixo e assista à primeira parte (de 5) do primeiro episódio da série "Strange Luck" da Fox:

Strange Luck Episode 1 [1/5]

domingo, 5 de junho de 2011

Boardwalk Empire - O Império do Contrabando

Ver e enxergar são duas ações parecidas, semelhantes, mas bem diferentes na realidade, pois envolvem qualidades como percepção e observação. Quem trabalha com imagem diariamente, em cinema ou televisão, sabe bem disso. Por isso, para analisar a série "Boardwalk Empire", sucesso da HBO, convidei Fernando Collaço, um jovem estudioso deste assunto e excelente conhecedor dos muitos princípios e linguagens que podem ser utilizadas na produção dos melhores audiovisuais do momento. Acompanhe seu post e bom entretenimento:

Texto de Fernando Martins Collaço:

Martin Scorcese nunca escondeu sua predileção pela temática do submundo do crime em sua trajetória audiovisual. Com Goodfellas (1990), baseado no livro Wiseguy de Nicholas Pileggi, voltou seu olhar para a ascensão e a queda de três gânsters ao longo de três décadas. Com Cassino (1995), novamente adaptando Pileggi, o diretor trouxe a história de Frank Rosenthal, que dirigiu os cassinos Stardust, Fremont e Hacienda para a máfia de Chicago entre as décadas de 70 e 80.

Com os Infiltrados (2006), filme que lhe rendeu o Oscar de Melhor Diretor, inspirado no filme chinês Conflitos Internos (2002) de Wai-Keung Lau e Alan Mask, mostrou-nos um policial infiltrado em um poderoso braço da máfia irlandesa de Boston, a qual também consegue infiltrar alguém entre os policiais. 
Scorcese é considerado um dos maiores realizadores em ação, aliando fortes narrativas a um estilo de filmagem clássico, com leves traços pós-modernos.

Com Boardwalk Empire – O Império do Contrabando, minissérie da HBO de 2010, Scorcese reencontra a temática da máfia. Responsável pela produção e direção do primeiro episódio, o diretor une-se à Terence Winter, um dos roteiristas da Família Soprano, que ficou responsável pela adaptação do livro Boardwalk Empire: The Birth, High Times, and Corruption of Atlantic City, de Nelson Johnson.
A minissérie traz como pano de fundo a escalada da cidade de Atlantic City, New Jersey, rumo ao status da Meca dos jogos de azar, bordéis e drogas, levando-a conseqüentemente à transformação em uma cidade-símbolo do crime organizado, este velado sob uma aliança entre mafiosos e políticos em busca de benefícios próprios.

O fio condutor da trama é a trajetória de Enoch Nucky Johnson, interpretado por Steve Buscemi, papel que lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Ator, um dos três políticos que controlavam a cidade na época. Nucky, visando a obtenção de votos, adere à proibição das bebidas alcóolicas perante a sociedade, porém, nos bastidores, utiliza a aprovação da Lei Seca para lucrar com a logística e venda ilegal do álcool, feito que lhe rende um grande império monetário.

A constituição desse império e suas conseqüências é o que vai mover a trama, a qual ainda conta personagens como Jimmy (Michael Pitt), protegido de Nucky e quem dá o pontapé inicial para a constituição do império, Margareth (Kelly McDonald), mulher a quem Nucky se torna solidário perante os abusos que sofria do marido, Van Alden (Michael Shannon), que passa a investigar mais a fundo as atividades mafiosas, dentre outros. Além disso, há uma mistura de personagens fictícios à gângsteres reais que fizeram nome na época, como Arnold Rothstein (Michael Stuhlbarg) e Al Capone (Stephen Graham).

A veiculação da minissérie trouxe para a HBO a melhor audiência desde Deadwood (2004), tendo sida assistida por 4,8 milhões de espectadores nos EUA, fazendo jus ao status de grande produção, na qual foram investidos cerca de 90 milhões de dólares. Dentre os atrativos que a tornaram um sucesso após 12 episódios exibidos estão:

a) uma direção de arte minuciosa com figurinos e objetos de cena que refletem a extensa pesquisa bibliográfica e iconográfica realizada pela equipe de produção sobre o período

b) movimentos de câmera constantes e bem executados, típicos da produção de Scorcese, que dentre outros, apresentam em planos-sequências as locações onde a ação toma forma.

c) uma trilha sonora que resgata inúmeros sucessos da difusão radiofônica da época e outros sucessos recentes. Dentre as canções estão: Resurrection (The Temper Trap), Straight Up and Down (The Brian Jonestown Massacre) e 60 Feet Tall (The Dead Weather).

d) uma edição ágil, que aposta na montagem paralela e trânsito livre pelo tempo cronológico, no constante congelamento de frames sobrepostos por vozes da próxima seqüência. (no melhor estilo de Tarantino ou Guy Ritchie) ou mesmo táticas do cinema mudo, do qual Scorcese é fã declarado, como o fechamento da cena com um efeito de íris.

A minissérie prepara sua segunda temporada e em breve estréia pela HBO. Nesse meio tempo, podemos rever os episódios ou mesmo aproveitar toda a filmografia de Scorcese, uma verdadeira aula de cinema.


Fernando Martins Collaço, especial para o TV tudo isso

Fernando Martins Collaço é midiálogo, editor de vídeos, pesquisador na área da televisão e minisséries, colunista eventual e fotógrafo de moda nas horas vagas. Tenho a honra de trabalhar com ele no Núcleo Corporativo da Central Record de Comunicação.

Crédito de imagens: Divulgação HBO e youtube

Clique no link abaixo e assista ao trailer oficial de Boardwalk Empire: